Palavra do Presidente | abril
APAGÃO DA MÃO DE OBRA
A tão temida falta de mão de obra não é um problema novo. De tempos em tempos, essa realidade volta a bater à porta do empresariado. Diante desse cenário, podemos fazer algumas reflexões sobre as causas desse fenômeno.
O empresário brasileiro carrega grande responsabilidade diante da economia, e a realidade local não é diferente. Por isso, nossa bandeira é sempre a busca por melhorias e o fortalecimento de nossas ações. Esse compromisso se reflete nos investimentos e na atuação coletiva da nossa Associação Comercial.
No entanto, essa força empresarial também precisa cobrar dos governantes medidas mais eficazes. Afinal, muitas políticas públicas impactam diretamente o empresariado, especialmente os pequenos empreendedores. A prova disso é que enfrentamos novamente um apagão de mão de obra. Hoje, seis em cada dez empresas sofrem com a escassez de trabalhadores, o que resulta em queda na produtividade, atrasos nas entregas, aumento dos custos operacionais e, por fim, a tão temida inflação.
Grande parte dessa crise decorre de políticas governamentais que ampliaram os auxílios assistencialistas, como por exemplo, o Bolsa Família. Não somos contrários a esses programas, desde que haja critérios bem definidos e que sejam medidas temporárias. O problema é que muitas famílias acabam se acomodando e deixam de buscar emprego formal para não perder o benefício, agravando ainda mais a falta de mão de obra. Para elucidar essa questão vamos imaginar que a assistência social tem que ser como um guarda-chuva, que no momento necessário se abre para a proteção, mas após passar a tempestade esse guarda-chuva tem que ser fechado, afinal não faz sentido se proteger da chuva depois que ela passou.
Diante desse cenário, cabe aos empresários tomarem iniciativas para minimizar os impactos. Uma opção é investir na qualificação dos colaboradores, sem medo de que eles migrem para outras empresas. Esse é um risco inerente ao negócio: ou você qualifica sua equipe e corre o risco de perdê-la para o mercado, ou mantém profissionais sem capacitação e compromete sua produtividade.
Outra alternativa, é o associativismo, que é a nossa bandeira e tem dado certo em nossa cidade. Por meio da união, conseguimos dividir responsabilidades e criar soluções. Um exemplo disso é o trabalho da Associação Comercial em parceria com o Multiplic. Identificamos que muitos jovens desconhecem aspectos comportamentais essenciais para o primeiro emprego ou para o empreendedorismo. Assim, criamos o programa "Impulsionando Jovens Carreiras", que qualifica esses jovens para o mercado de trabalho. Ao final do curso, os associados que precisam de novos colaboradores recebem currículos com o selo do programa, garantindo a seleção de candidatos mais preparados.
Em outra iniciativa, firmamos parceria com a Ottoboni e a New Holland para o desenvolvimento da "Escola de Mecânicos", voltada à qualificação de profissionais na área de implementos agrícolas. O objetivo é suprir a carência de mão de obra nesse setor, beneficiando toda a cadeia produtiva. Aliás, programas como este devem ser tratados com mais cuidado pelos nossos governantes, até pela geração de uma renda saudável.
O debate sobre o apagão da mão de obra continua e rende muitas discussões. A indignação, no entanto, está na falta de estratégias governamentais para reverter essa situação. Uma solução viável seria a reavaliação dos programas assistencialistas, convertendo parte desses recursos em iniciativas de qualificação profissional. E isso sem sequer entrarmos no debate sobre as novas gerações e seu perfil diante do mercado de trabalho.
Enquanto isso cabe ao empresariado assumir o papel de provedor da qualificação da mão de obra. Seguimos firmes nesse compromisso!
Juntos somos mais fortes!
Leandro Antoniazzi
Presidente da ACEOC